Shakes: Substitutos Parciais de Refeição como Estratégia Segura e Eficaz no Controle de Peso e Promoção da Saúde Metabólica.  

 

 Dr. Nataniel Viuniski  

Médico nutrólogo, pediatra e mestre em nutrição e alimentos 

 

O aumento progressivo da obesidade representa um dos maiores desafios de saúde pública contemporâneos. Com base em dados globais e nacionais, observa-se uma tendência crescente de sobrepeso e obesidade na população adulta. Nesse contexto, os shakes substitutos parciais de refeição surgem como uma ferramenta prática e baseada em evidências para promover a perda de peso de forma sustentável.  

Este artigo discute o embasamento científico, normativo e prático desses produtos, evidenciando sua eficácia, segurança e papel no apoio à adesão dietética, com base em diretrizes nacionais e internacionais.  

Conclui-se que os shakes são uma estratégia nutricional válida, especialmente quando inseridos em programas estruturados de mudança de hábitos e de estilo de vida. 

 

Dados atuais mostram que, atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo vivem com obesidade, segundo o Atlas Mundial da Obesidade (Powis et al., n.d.), e a projeção é que esse número ultrapasse 1,5 bilhão até 2030, caso não sejam adotadas medidas eficazes para reverter o quadro. 

No Brasil, dados do Vigitel levantados em 2021 e 2023 (Saúde, n.d.)mostram que o excesso de peso tem avançado entre a população adulta brasileira. Em 2021, 57,2% dos adultos nas capitais apresentavam índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 25 kg/m², que indica sobrepeso (World Health Organization, 2000). Já em 2023, esse percentual subiu para 61,4%. O crescimento foi observado em ambos os sexos: entre os homens, a prevalência passou de 59,9% para 63,4%; entre as mulheres, de 55% para 59,6%. Esses números reforçam a aceleração da epidemia de excesso de peso no país em apenas dois anos. 

A obesidade é um dos problemas de saúde mais graves da atualidade e a estimativa é até o final de 2025, aproximadamente 167 milhões de pessoas — adultos e crianças — terão sua saúde prejudicada devido ao excesso de peso ou obesidade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)(Powis et al., n.d.). 

O excesso de gordura está associado a aproximadamente 1,6 milhão de mortes prematuras por ano, superando as fatalidades causadas por acidentes de trânsito. Além disso, contribui significativamente para o aumento de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.  

Essa realidade não impacta apenas a saúde individual, mas também gera um alto custo econômico e social, sobrecarregando os sistemas de saúde devido ao aumento de doenças crônicas associadas, como as cardiovasculares (hipertensão e insuficiência cardíaca), diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer (mama, cólon e endométrio).  

Diante desse cenário, estratégias práticas, eficazes e de alta adesão se tornam muito interessantes no processo de perda de peso. É o caso dos alimentos comercializados como shakes substitutos parciais de refeição. 

Eles são formulados conforme Portaria Nº 30/1998 (Ministério Da Saúde Secretária de Vigilância Sanitária, Do Ministério Da Saúde Portaria No 30, de 13 de Janeiro de 1998 (*), n.d.) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para fornecer quantidades adequadas de nutrientes essenciais para o organismo — proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais, fibras e gorduras —, com o objetivo de fornecer os nutrientes necessários para uma refeição equilibrada. 

Esses produtos simplificam uma das grandes dificuldades daqueles que sofrem com o sobrepeso: controlar as porções (e as calorias) a serem ingeridas. Ou seja, ao serem preparados conforme as instruções do rótulo, sabe-se exatamente quantas calorias serão consumidas e os nutrientes que estão em quantidades adequadas para suprirem as necessidades nutricionais de uma refeição.   

Além de serem muito versáteis e práticos, são formulados visando fornecer saciedade por mais tempo, apoiando um programa de reeducação alimentar e a adoção de um estilo de vida saudável. 

O shake pode substituir até duas das três principais refeições no caso de quem busca emagrecer — por exemplo, o café da manhã e o jantar ou o almoço e o jantar – desde que se mantenha uma alimentação equilibrada e saudável também nas demais refeições, além de um programa de exercícios físicos adequados. 

 

 RESPALDO CIENTÍFICO:  

Existem diversos estudos clínicos e trabalhos científicos que demonstram a eficácia e a segurança dos shakes substitutos de refeição para a perda de peso. Essas sólidas evidências fazem com que eles sejam reconhecidos por diversas Sociedades Científicas e Conselhos Profissionais em todo o mundo.  

Entre elas, podemos mencionar a American Diabetes Association (ADA)(Chen et al., 2020), que considera os substitutos de refeição estratégias eficazes de controle de peso, especialmente em pacientes com sobrepeso ou obesidade, inclusive com potencial para pacientes com diabetes tipo 2, que podem ter melhor controle glicêmico e perda de peso sustentada ao utilizar substitutos de refeição como parte de uma dieta estruturada.  

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (Ramos et al., 2023)também traz em seu site a seguinte afirmação: “O uso de suplementos nutricionais como substitutos parciais de refeições pode ser considerado como estratégia nutricional adjuvante para redução de peso em pessoas com pré-diabetes e diabetes tipo 2 que estejam com sobrepeso/obesidade”. Essa entidade inclusive cita o estudo Look-AHEAD (Wadden, 2006)para embasar sua posição. 

Esse ensaio clínico acompanhou 5.145 adultos com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2 ao longo de um ano, avaliando o impacto de uma intervenção intensiva no estilo de vida. O programa envolveu dieta com restrição calórica, atividade física, apoio comportamental e uso opcional de substitutos de refeição em até duas refeições por dia. Ao final de 12 meses, 55,1% dos participantes que seguiram a intervenção atingiram a meta de perder pelo menos 7% do peso corporal, em comparação com apenas 7% no grupo controle. Houve uma relação direta entre a quantidade de substitutos utilizados e o sucesso: quem consumiu cerca de 608 unidades por ano teve quatro vezes mais chance de alcançar a meta de perda de peso do que aqueles que consumiram apenas 117. O estudo reforça a eficácia dos substitutos de refeição quando combinados a um programa estruturado de mudança de hábitos. 

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) (Fial, n.d.) é outra sociedade científica que reconhece que os substitutos parciais de refeições como eficazes na perda de peso, podendo contribuir inclusive para a melhora de marcadores metabólicos. Além disso, quando fazem parte de uma dieta saudável e equilibrada, esses substitutos podem promover maior adesão às dietas e melhorar a ingestão de nutrientes.   

Nessa mesma linha, outros trabalhos científicos podem ser citados, como a metanálise publicada no  Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics (Min et al., 2021), envolvendo 22 trabalhos dos últimos 20 anos e 1.982 pacientes com sobrepeso ou obesidade. Os autores asseguram que esse tipo de shake é uma ferramenta eficaz para quem deseja perder peso.  

Já a análise divulgada no British Journal of Nutrition (Gulati et al., 2017) demonstrou que o resultado no emagrecimento com o consumo do shake substituto de refeição foi superior comparado ao grupo controle, além de ter uma maior taxa de adesão ao protocolo. Provavelmente, por se tratar de um alimento muito saboroso e agradável ao paladar e, portanto, uma ferramenta muito valiosa a ser utilizada em programas amplos que incluam também atividade física e mudanças de hábitos positivas.  

 

SEGURANÇA NUTRICIONAL: 

A Herbalife, empresa americana com 45 anos de mercado, possui o shake substituto parcial de refeição no portfólio nos mais de 90 países em que atua. Presente no Brasil há 30 anos, seus Shakes passam pelos mais diversos testes em laboratórios certificados pelo ISO 17025 para garantir sua qualidade e segurança, já que toda a matéria-prima usada na formulação dos produtos da marca é fornecida por parceiros comprometidos com o alto padrão de qualidade exigido pela empresa e permitem a rastreabilidade completa desde o plantio, cultivo e colheita.  

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS: 

Diante da epidemia de obesidade e das limitações dos modelos tradicionais de dieta, os substitutos parciais de refeição representam uma ferramenta eficiente, segura, baseada nas melhores evidências científicas e com boa aceitação. Quando integrados a programas estruturados de educação alimentar e estilo de vida saudável, oferecem um caminho promissor para o controle de peso e prevenção de doenças metabólicas. 

 

 *Dr. Nataniel Viuniski  

Médico nutrólogo, pediatra e mestre em nutrição e alimentos 

REFERÊNCIAS  

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 30, de 13 de janeiro de 1998. Diário Oficial da União. Brasília, 1998. 

CHEN, L. L. et al. Meal replacement in dietary management of type-2 diabetes mellitus: a scoping review protocol. Systematic Reviews, v. 9, n. 1, 2020. https://doi.org/10.1186/s13643-020-01517-0 

FIAL, L. Posicionamento sobre o tratamento nutricional do sobrepeso e da obesidade. ABESO, s.d. 

GULATI, S. et al. Effect of high-protein meal replacement on weight and cardiometabolic profile in overweight/obese Asian Indians. British Journal of Nutrition, v. 117, n. 11, p. 1531–1540, 2017. https://doi.org/10.1017/S0007114517001295 

MIN, J. et al. The effect of meal replacement on weight loss: a systematic review and meta-analysis. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, v. 121, n. 8, p. 1551–1564.e3, 2021. https://doi.org/10.1016/j.jand.2021.05.001 

POWIS, J.; THOMPSON, R.; JACKSON-LEACH, R. Atlas Mundial da Obesidade. s.d. Disponível em: https://lp2.institutocordial.com.br/pbo-223-atlas-25 

RAMOS, S. et al. Terapia nutricional no pré-diabetes e no diabetes mellitus tipo 2. Diretrizes SBD, 2023. https://doi.org/10.29327/5238993.2023-8 

SAÚDE, Ministério da. VIGITEL BRASIL 2023. Brasília: MS, s.d. Disponível em: www.saude.gov.br/svs 

WADDEN, T. A. The Look AHEAD study: a description of the lifestyle intervention and the evidence supporting it. Obesity, v. 14, n. 5, p. 737–752, 2006. https://doi.org/10.1038/oby.2006.84 

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: preventing and managing the global epidemic. WHO Technical Report Series, 894. Genebra: WHO, 2000. 

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